sexta-feira, 8 de julho de 2011

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL


Acidente vascular cerebral é o nome médico da doença que é conhecida popularmente como derrame. O acidente vascular cerebral ou acidente vascular encefálico ocorre quando há algum tipo de lesão nos vasos cerebrais ocasionando dano a partes do cérebro. Não se sabe bem a origem precisa da palavra derrame nem porque deixou de ser utilizada na prática médica, mas ainda o nome popular da doença e como ele é conhecido pelas pessoas. O nome acidente vascular cerebral, por outro lado, é totalmente inadequado e deveria ser abandonado por que um derrame é tudo menos um acidente.
Trata-se de doença com aparecimento súbito, mas com fatores de risco conhecidos sendo o principal deles a hipertensão arterial sistêmica mais conhecida como pressão alta. As conseqüências do derrame são muitas vezes para o resto da vida, como as deficiências motoras, com paralisia de partes do corpo principalmente braços e pernas.
O derrame já era conhecido desde a Grécia Antiga com o nome de apoplexia, palavra grega que significa “golpeado com violência”. No latim, a palavra apoplexia foi adaptada com o significado de “fulminado”. No século 16, na Inglaterra, a expressão que se usava era “stroke of God´s hands”, mostrando que nos tempos antigos o derrame era visto como uma doença causada pelos deuses sem possibilidade de tratamento pelos médicos. O nome em inglês “stroke” vem do verbo “strike” (derrubar) e significa “derrubado”, mostrando um dos efeitos da doença.
Mas, afinal, o que é o derrame?
O derrame é um tipo de doença cardiovascular chamado de doença cerebrovascular, que pode ser causada por vários fatores de riscos diferentes. Ela começa com uma alteração neurológica que acontece de repente ou que evolui rapidamente. A alteração neurológica pode ser variada de acordo com a região do cérebro que foi acometida.
O quadro mais conhecido é uma perda de força de um lado do corpo que pode incluir braços, pernas e face. Normalmente, como a musculatura do outro lado do rosto está normal, a rima da boca se desvia para o lado do rosto que não está paralisado. Esse quadro é descrito no exame neurológico como hemiplegia direita com desvio da rima bucal para a esquerda, por exemplo.
Dependendo da região do cérebro que foi comprometida, o quadro clínico muda. Um acidente vascular cerebral de tronco, por exemplo, pode deixar a pessoa imóvel para sempre. Outros podem levar a importantes alterações da sensibilidade.
Vamos conhecer os tipos de acidentes vascular cerebral, seus fatores de risco, sintomas e diagnóstico e as formas de tratamento existentes.

AVC isquêmico
Acidente Vascular Isquêmico pode ser causado por uma trombose de uma artéria cerebral de pequeno ou de grande calibre. A trombose em geral acontece na região da artéria que tem uma placa de aterosclerose. O acidente vascular cerebral isquêmico também pode ser causado por um êmbolo. Se a pessoa tiver uma placa de aterosclerose em uma das artérias carótidas, que são as artérias que levam o sangue oxigenado do coração para o cérebro, pode-se soltar um pedacinho da placa de ateroma que migra na circulação cerebral até que ele entupa um vaso. Os tecidos que receberiam o oxigênio por esse vaso morrem e essa parte do cérebro pára de funcionar. Dependendo do tamanho do êmbolo, pode ser uma artéria de pequeno ou grande calibre que fica obstruída.
Outro jeito de causar um acidente vascular isquêmico por êmbolo é quando, por exemplo, uma pessoa tem um infarto do miocárdio. O infarto do miocárdio provoca a morte de uma parte do músculo do coração que deixa de se contrair. O sangue parado perto dessa parede do coração que não se contrai pode formar um coágulo. Um dos segredos do sangue não se coagular é ele estar sempre em movimento. Um pedacinho de um coágulo formado na parede do coração pode migrar pela artéria carótida até entupir um vaso da circulação cerebral.






AVC isquêmico
©2008 ComoTudoFunciona
Imagem da esquerda mostra um AVC isquêmico visto pela tomografia de crânio: a área da lesão é a mais clara do lado esquerdo

Às vezes, o vaso da circulação cerebral que ficou obstruído é tão pequeno que nem se percebe qualquer alteração do exame neurológico. Às vezes, a pessoa apresenta alguma alteração neurológica que desaparece antes de 24 horas porque de algum modo o coágulo que se formou no cérebro se desfaz antes que algum tecido cerebral tenha realmente morrido. Esses casos são chamados de episódios isquêmicos transitórios e representam um aviso importante de que a pessoa deve se tratar.
AVC hemorrágico
O acidente vascular hemorrágico acontece quando algum vaso do cérebro se rompe e extravasa sangue para dentro do cérebro ou para dentro do liquor. O sistema nervoso central é composto por várias partes incluindo uma caixa de proteção - a caixa craniana, que tem a função de proteger o cérebro - e a coluna vertebral, que protege a medula óssea que também faz parte do sistema nervoso central.
Embaixo da estrutura óssea e envolvendo todo o sistema nervoso central ficam as meninges que são três: a mais externa se chama dura-máter, a intermediária se chama aracnóide e a mais interna se chama pia-máter. Entre as duas meninges mais internas, aracnóide e pia-máter há um espaço que fica completamente preenchido por um líqüido chamado de líqüido céfalo-raquidiano ou simplesmente liquor. No acidente vascular hemorrágico o sangue também pode vazar para dentro do liquor.
A causa de acidente vascular cerebral hemorrágico mais comum é a hipertensão arterial (pressão alta). A pressão alta pode alterar as pequenas artérias levando à formação de zonas de fraqueza nas suas paredes, que podem se romper. Quando essas artérias lesadas se rompem, extravasa sangue para dentro do cérebro. Esse sangue que extravasa forma um hematoma e aquela parte do cérebro deixa de receber sangue oxigenado e morre. Os pontos de fraqueza na parede dos vasos são chamados de microaneurismas, que são pequenas dilatações das artérias. Esses sangramentos costumam acontecer mais em algumas regiões do cérebro, na região dos chamados núcleos da base.
Quando a hemorragia acontece perto dos ventrículos (espaços formados pelas membranas que revestem o cérebro e que ficam cheios de liquor), pode haver sangramento dentro do liquor.






AVC hemorrágico
©2008 ComoTudoFunciona
A imagem do meio mostra AVC hemorrágico em tomografia do crânio: a área da lesão é a região com coloração mais densa e brilhante
Existem outras causas de acidente vascular hemorrágico. Às vezes uma pessoa pode nascer com umamalformação dos vasos dentro do cérebro. Quando essas malformações acontecem nas veias são chamadas de malformações venosas. Essas malformações podem acontecer nas artérias formando os aneurismas. Os aneurismas são defeitos que surgem nas artérias e que fazem com que suas paredes fiquem mais fracas. As artérias se dilatam e podem comprimir as regiões vizinhas ou se rompem acontecendo o sangramento. Esses casos são os mais graves com mortalidade muito alta mesmo com tratamento adequado.
Esse tipo de acidente vascular cerebral recebe o nome de hemorragia meníngea (subaracnóidea) e sempre há extravasamento de sangue no líquor.






Hemorragia meníngea
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Imagem da direita mostra Hemorragia meníngea em tomografia:imagem mais densa e brilhante dentro das cisternas cheias de líquor
A fraqueza na parede das artérias acontece sempre nos mesmos lugares. As artérias que irrigam o cérebro formam uma estrutura como um sistema de canais (polígono de Willis), que comunica as artérias do lado direito






Polígono de Willis
Polígono de Willis
do cérebro com as do lado esquerdo pelas artérias comunicantes anterior e posterior. Justamente na junção das comunicantes com as artérias é que acontecem com maior freqüência os aneurismas.
Nas pessoas que têm o polígono de Willis perfeito, uma isquemia (falta de sangue oxigenado) do lado direito do cérebro, pode, por exemplo, ser coberta pelas artérias do lado esquerdo. Nem todas as pessoas têm o polígono de Willis perfeito.
As imagens abaixo mostram dois aneurismas respectivamente da artéria comunicante posterior (mais comum) e da artéria comunicante anterior vistos a angiografia cerebral.






Aneurisma da artérias comunicante posterior
Aneurisma da artéria comunicante posterior






Aneurisma posterior
©2008 ComoTudoFunciona
Aneurisma da artéria comunicante anterior

Fatores de risco do AVC
Os fatores de risco para o acidente vascular cerebral são os mesmos envolvidos com as doenças cardiovasculares. Os principais são:
  • hipertensão,
  • tabagismo,
  • dislipidemia, e
  • diabetes
Entretanto, se esses fatores estão todos envolvidos com a doença isquêmica coronariana (infarto), para o derrame o peso da hipertensão é muito maior do que o dos outros fatores. Por isso, controlar a pressão alta é fundamental na prevenção do acidente vascular cerebral.
Doenças que aumentam o risco de sangramento também podem causar acidente vascular cerebral.É o caso, por exemplo, de uma deficiência de plaquetas. As plaquetas são parte importante do mecanismo da coagulação e a diminuição do seu número pode causar sangramento.
Alguns medicamentos anticoagulantes utilizados no tratamento do próprio acidente vascular cerebral isquêmico também podem aumentar o risco de acidente vascular hemorrágico. Além desses fatores há ainda um componente genético importante na determinação da pressão arterial, que por sua vez é o fator de risco mais importante para o derrame. 
Sintomas e diagnóstico do AVC
O quadro da alteração neurológica no acidente vascular cerebral é muito assustador e geralmente o paciente procura o pronto-socorro. A instalação do quadro neurológico costuma ser abrupta ou rapidamente progressiva instalando-se em poucas horas.
Os sintomas podem variar de acordo com a região do cérebro acometida:
  • hemiplegia (não mexer um dos lados do corpo),
  • hemiparesia (mexer parcialmente um dos lados do corpo, às vezes predominando em braços ou pernas),
  • alterações de sensibilidade,
  • afasia (perda da fala).
A freqüência de acidente vascular cerebral aumenta com a idade, sendo raro em pessoas jovens. O filme “O Escafandro e a Borboleta”, que recebeu quatro indicações ao Oscar em 2008, conta a história do editor de uma famosa revista de moda que, após um tipo muito particular de acidente vascular cerebral, só consegue mexer seu olho esquerdo. O personagem se recusa a entregar-se à doença, criando um mundo próprio com a sua imaginação e a sua memória e se comunicando com o mundo externo piscando o olho esquerdo.
Mas ao contrário do personagem do filme, a maioria das pessoas com seqüelas de acidente vascular cerebral fica muito deprimida após um AVC porque ele pode levar à perda total da independência. Outro ponto é que nem sempre o paciente conta com o suporte familiar ou financeiro que seria necessário. Adaptar uma casa para um paciente com derrame é caro e exige projeto especializado. O derrame ocorre com maior freqüência em famílias pobres que, justamente, têm menos possibilidade de fazer as reformas necessárias ou que às vezes moram em favelas onde essa adaptação é impossível. O paciente muitas vezes fica restrito à sua cama.
A irrigação do cérebro provém de duas origens:
  1. As carótidas são artérias que saem da aorta e levam sangue oxigenado para a porção anterior do cérebro, dando origem às artérias carótidas internas, cerebrais médias e cerebrais anteriores. Problemas nesse território costumam causar déficit motor ou sensitivo, dificuldade na articulação das palavras (disartria), déficit de linguagem, outras alterações da função nervosa superior como não reconhecimento de pessoas ou objetos e alterações da visão.
  2. O segundo sistema de irrigação do cérebro é o vértebro-basilar, que dá origem às artérias vertebral, basilar, cerebelares e cerebrais posteriores. Lesão nesse território pode causar também déficit motor ou déficit sensitivo, dificuldade na articulação das palavras (disartria) ou perda da fala (afasia), alterações visuais, alterações de coordenação e alterações de nervos cranianos localizados no tronco cerebral que podem levar à diplopia (enxergar duplo), ptose palpebral (queda da pálpebra fechando o olho), anisocoria (tamanho diferente das pupilas), paralisia de parte do rosto, movimentos rápidos dos olhos (nistagmo), perda da sensibilidade em partes do costo e vertigem (sensação de que você está rodando ou de que tudo está rodando em volta de você).
Quando há lesão do tronco cerebral, parte do sistema nervoso responsável pelos estados de sono e vigília e pelas funções de manutenção da vida, como respirar e comandar os batimentos cardíacos, pode ocorrer diminuição do nível de consciência ou coma.
Quando o paciente conta história de cefaléia muito intensa de início súbito e trata-se de adulto jovem entre os 20-30 anos, o diagnóstico mais provável é o de hemorragia meníngea. Junto com a cefaléia aparecem náuseas e vômitos, tonturas e sinais de irritação meníngea como, por exemplo, rigidez do pescoço quando se tenta curvar a cabeça do paciente em direção ao tronco. Junto com esse quadro podem aparecer também convulsões (ataques), perda de consciência e coma.
Nos casos mais graves pode haver comprometimento das funções vitais como respiração, função cardíaca, controle da temperatura corporal e morte. O quadro da hemorragia meníngea é muito grave.
Diagnóstico






Ressonância magnética
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Ressonância magnética: um dos
exames que diagnosticam o AVC
Para fazer o diagnóstico de acidente vascular cerebral basta um quadro clínico compatível confirmado pela história que o paciente conta e o exame neurológico. Para ter certeza e confirmar que parte do cérebro foi atingida o exame mais utilizado é a tomografia de crânio. Em alguns casos pode estar indicada a ressonância nuclear magnética.
O exame do líquor pode ser importante nos casos em que a tomografia de crânio é normal e a maior suspeita passa a ser de uma hemorragia meníngea (subaracnóidea). Nesses casos o líquor vem altamente hemorrágico (cheio de sangue) comprovando o sangramento.
Nos casos de hemorragia meníngea (subaracnóidea), a angiografia cerebral digital é ainda o exame mais importante para o diagnóstico de aneurismas cerebrais saculares, dando informações precisas quanto à sua localização, forma e tamanho. Nestes casos, o exame deve mostrar os quatro vasos cervicais que nutrem a circulação intracraniana, possibilitando o diagnóstico de aneurismas cerebrais múltiplos que ocorrem em aproximadamente 20% dos casos.
Além desses exames podem ser feitos outros exames para identificar a causa do derrame. Por exemplo, nos casos de êmbolo de origem cardíaca, é importante fazer um ecocardiograma para ver como o coração está funcionando, e um eletrocardiograma, para ver se há alguma arritmia. Além do infarto, na doença de Chagas e na fibrilação atrial, doenças do coração que fazem com que ele bata fora de ritmo (arritmia) podem levar à formação de êmbolos, podendo causar acidente vascular cerebral quando um êmbolo se desprega do coágulo e entope uma artéria do cérebro.
Seqüelas do AVC
O prognóstico do acidente vascular cerebral depende do tipo. O acidente vascular cerebral isquêmico é o que tem melhor prognóstico desde que não comprometa uma área muito grande do cérebro. O acidente vascular cerebral hemorrágico já é muito mais grave, e a hemorragia meníngea (subaracnóidea) é mais grave ainda, com risco de morte mesmo que o tratamento seja implantado de forma rápida e adequada.
É muito comum que o acidente vascular cerebral isquêmico se repita, deixando cada vez mais seqüelas. Uma parte considerável dos episódios pode evoluir com melhora importante após fisioterapia, com recuperação da força muscular, e de fonoaudiologia para, por exemplo, corrigir problemas associados à deglutição de alimentos. Esses problemas acontecem às vezes como seqüela do derrame, levando a episódios de aspiração de comida e saliva com aparecimento de pneumonias (o paciente desaprende como engolir alimentos e saliva).
Portanto, para prevenção das seqüelas é muito importante que haja reabilitação, ou seja fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional no suporte ao paciente com derrame. A ausência de reabilitação pode levar a seqüelas permanentes. Nos casos mais graves ocorrem seqüelas mesmo que haja reabilitação, mas ela é sempre útil para minimizar as complicações.
Tratamento do AVC
O tratamento do acidente vascular cerebral inclui o controle dos fatores de risco, como a hipertensão arterial. Outro ponto é iniciar a anticoagulação. Controlar a hipertensão arterial é o principal tratamento preventivo para o acidente vascular cerebral. No indivíduo com um primeiro episódio de acidente vascular isquêmico, ou um episódio isquêmico transitório, estão indicados os antiagregantes plaquetários, medicamentos que inibem a agregação plaquetária que é um dos desencadeantes da coagulação.






Controle da hipertensão
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Controlar a hipertensão é essencial na prevenção do AVC

Os antiagregantes devem ser usados na prevenção de um novo episódio. O mais antigo de todos os medicamentos com ação antiagregante plaquetária é a aspirina. Mas hoje em dia, há várias outras opções como a ticlopidina, o dipiridamol e o clopidogrel. A escolha do medicamento mais adequado para cada indivíduo deve ser feita pelo médico.
Nos casos mais graves de episódios repetidos de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos indica-se a anticoagulação com os dicumarínicos. Todos esses medicamentos não podem ser utilizados no acidente vascular cerebral hemorrágico por aumentar o risco de sangramentos.
No acidente vascular cerebral hemorrágico, o ponto mais importante do tratamento é o controle da pressão arterial elevada. Nas hemorragias meníngeas (subaracnóideas), deve-se identificar a posição do aneurisma e o tratamento é cirúrgico.
Assim como existe o tratamento agudo para o paciente com infarto utilizando-se agentes trombolíticos com o objetivo de dissolver o coágulo (estreptoquinase), desde que o paciente chegue ao centro que vai realizar o procedimento com menos de seis horas de dor, há possibilidade desse tipo de tratamento no acidente vascular cerebral.






Remoção de placa da artéria
Remoção de placa de gordura da artéria carótida é um dos tratamentos do AVC
Em alguns lugares do mundo, inclusive o Brasil, foram criadas as chamadas Stroke Units com o mesmo objetivo das Unidades Coronarianas. Essas unidades são especializadas no tratamento do acidente vascular cerebral, usando protocolos de condutas padronizados que envolvem a participação de equipe multiprofissional no tratamento e no cuidado do paciente. Outro aspecto de maior importância é a possibilidade de ação na fase aguda do acidente vascular cerebral isquêmico com medicamentos que dissolvem o trombo que provocou o derrame.
Além das Unidades Cerebrovasculares criou-se em várias cidades americanas e canadenses o “telestroke”, que permite que neurologistas à distância possam avaliar tomografias e indicar condutas aos médicos de plantão em unidades de emergência e de terapia intensiva que atendam pacientes com acidente vascular cerebral.

Todo paciente que apresente um acidente vascular cerebral deve ficar por um mínimo de 24 horasem observação para que seja possível avaliar se a doença está estacionada ou se está evoluindo para um quadro mais grave. Sempre que possível, os pacientes devem ser internados. Depois da fase aguda, os pacientes podem ser encaminhados para tratamento ambulatorial e para a reabilitação. 
AVC e preconceito
O acidente vascular cerebral é uma doença que assusta os pacientes e seus familiares porque muitas vezes a pessoa perde parte da consciência, da capacidade de se expressar e de ser autônoma.
Mesmo o profissional da saúde se deixa atingir pelas seqüelas do paciente. Existe um preconceito em relação à atenção médica e ao tratamento do paciente com acidente vascular cerebral, ou seja, o paciente é deixado sem tratamento por acreditar-se que não há nada a fazer. Com isso, não há investimento na reabilitação.
Na verdade, é uma fenômeno de transferência em que o profissional da saúde se vê da posição do paciente e não consegue suportar que alguma coisa semelhante aconteça com ele. O paciente com AVC perde o controle de si próprio, a independência, às vezes a própria lucidez. Freqüentemente, há perda do controle de funções autonômicas, como continência esfincteriana, necessitando de cuidados de enfermagem permanentes.
O acidente vascular cerebral foi por muito tempo considerado como uma doença sem tratamento. As unidades coronarianas foram criadas há muitas décadas e só nos últimos anos surgiram as “Stroke Units” especializadas no tratamento do derrame.
Nas últimas décadas o advento dos exames de imagem mais sofisticados e os novos tratamentos com antiagregantes plaquetários e anticoagulantes trouxeram uma nova perspectiva no tratamento e na prevenção dessa doença.

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